O sucesso de um cavalo crioulo nas competições vai muito além da força física ou da linhagem genética. Segundo o empresário Aldo Vendramin, um fator decisivo para o desempenho nas pistas está no equilíbrio emocional do animal. O treinamento emocional, que respeita os instintos e a natureza do cavalo, vem ganhando destaque como estratégia essencial para garantir não apenas bons resultados esportivos, mas também o bem-estar animal.
A importância do equilíbrio emocional nos cavalos crioulos
Os cavalos crioulos são reconhecidos por sua resistência, agilidade e inteligência. No entanto, como qualquer atleta, esses animais podem sofrer com estresse, medo e ansiedade quando submetidos a treinamentos intensos e ambientes competitivos. De acordo com Aldo Vendramin, o adestramento que ignora os aspectos emocionais pode comprometer o desempenho e até gerar comportamentos indesejados, como agressividade ou bloqueios.
Por outro lado, o treinamento emocional prepara o cavalo para lidar com estímulos externos de forma mais serena. O resultado é um animal mais confiante, atento e disposto a colaborar com o cavaleiro, o que reflete diretamente em provas como o Freio de Ouro, Laço Comprido e outras modalidades da raça crioula.

Técnicas modernas baseadas na conexão e na confiança
O treinamento emocional valoriza métodos baseados na etologia equina — ou seja, no estudo do comportamento natural do cavalo. Conforme destaca Aldo Vendramin, técnicas como a dessensibilização progressiva, a linguagem corporal clara e o reforço positivo permitem que o animal aprenda sem medo e sem dor.
Esse tipo de abordagem prioriza a construção de confiança entre cavalo e treinador. Isso envolve trabalhar o vínculo desde cedo, respeitando os tempos de aprendizado e evitando a exposição a situações traumáticas. Um cavalo emocionalmente estável aprende com mais facilidade, tem melhor resposta aos comandos e apresenta mais segurança nos percursos.
Benefícios para o bem-estar e a longevidade do animal
O cuidado com a saúde mental do cavalo crioulo tem impacto direto em sua qualidade de vida. Conforme indica Aldo Vendramin, cavalos que passam por um treinamento emocional bem conduzido tendem a desenvolver menos problemas de saúde, como cólicas nervosas, bruxismo ou alterações de apetite.
Além disso, esses animais costumam manter sua capacidade esportiva por mais tempo, já que sofrem menos com lesões relacionadas a tensões musculares e desequilíbrios posturais provocados pelo estresse. O bem-estar emocional também facilita o manejo diário, tornando o convívio com tratadores, veterinários e ferradores mais tranquilo e seguro.
O papel do treinador e do criador no desenvolvimento emocional
Para que o treinamento emocional tenha êxito, é fundamental que o criador e o treinador estejam alinhados com os princípios de respeito, paciência e observação constante. Frisa Aldo Vendramin que cada cavalo é único, com seu próprio temperamento e ritmo de desenvolvimento. Por isso, a sensibilidade do profissional que conduz o adestramento é um diferencial determinante.
A formação continuada dos treinadores, o investimento em técnicas atualizadas e o acompanhamento de profissionais especializados em comportamento animal são caminhos para alcançar resultados consistentes. A criação de ambientes tranquilos, com rotina equilibrada e estímulos positivos, também favorece o amadurecimento emocional do cavalo.
Desempenho nas pistas com ética e sensibilidade
Cavalos crioulos bem treinados emocionalmente não apenas competem melhor, mas também se tornam verdadeiros parceiros dos seus cavaleiros. A resposta precisa aos comandos, a disposição para enfrentar desafios e a resistência ao cansaço são frutos de um processo que une técnica, empatia e respeito à natureza equina.
Ao adotar o treinamento emocional como parte do preparo esportivo, criadores e competidores reforçam um compromisso com o bem-estar animal e com a evolução ética das provas equestres. Trata-se de uma mudança de paradigma que beneficia toda a cadeia do cavalo crioulo — do criador ao público das pistas.
Autor: Oleg Volkov