Paulo Roberto Gomes Fernandes acompanha de perto a discussão em torno da Linha 5, oleoduto operado pela Enbridge que atravessa o Estreito de Mackinac, entre o Lago Michigan e o Lago Huron, nos Estados Unidos. Em julho de 2022, o jornal americano US News & World Report destacou que a companhia canadense caminha para receber “luz verde” regulatória para construir um túnel de cerca de sete quilômetros sob o lago e abrigar a tubulação em uma estrutura de concreto, vista como alternativa mais segura para o transporte de derivados na região.
Contexto energético de Michigan e pressão sobre a Linha 5
O artigo do US News & World Report parte de um cenário de forte pressão sobre o custo da energia em Michigan. Com inflação elevada e preços de combustíveis em alta, o estado vive um equilíbrio delicado entre demandas ambientais, segurança de instalações e necessidade de garantir suprimento acessível à população. A Linha 5 transporta petróleo de campos canadenses para refinarias no Meio-Oeste americano, movimentando, segundo estimativas, algo em torno de 23 milhões de galões de produtos por dia.
Ao mesmo tempo, a governadora Gretchen Whitmer e a procuradora-geral Dana Nessel defendem o fechamento do oleoduto antes da conclusão do túnel, alegando riscos ambientais ao Estreito de Mackinac. Essa posição, porém, está judicializada e envolve também negociações diplomáticas com o Canadá, que aponta possível violação de um tratado de 1977 entre os dois países caso a Linha 5 seja interrompida. Enquanto decisões não são tomadas, os consumidores de Michigan lidam com combustíveis caros e incertezas sobre o futuro da infraestrutura de transporte de energia.
Túnel sob o Lago Michigan e a busca por tecnologias consagradas
Dentro desse quadro, a Comissão de Serviço Público de Michigan avalia o projeto da Enbridge para colocar a tubulação em um túnel de concreto escavado sob o leito do lago. A conferência de agendamento marcada para o fim de julho de 2022 foi apontada pelo jornal como momento chave para definir o ritmo do licenciamento. A leitura do veículo é clara: o túnel reduziria o risco de vazamentos na superfície, protegeria os Grandes Lagos e, ainda assim, não exigiria recursos diretos dos contribuintes.

Um ponto ressaltado é que, em projetos dessa envergadura, a margem para experimentação com soluções não testadas é praticamente nula. Em um trecho longo, em espaço exíguo, com declives e aclives acentuados, a recomendação implícita é utilizar tecnologias já consagradas, que tenham histórico de sucesso em túneis e ambientes confinados. É nesse contexto que a solução desenvolvida pela Liderroll, premiada pela ASME com o Global Pipeline Award, surge como referência natural, combinando experiência prática e reconhecimento técnico internacional.
A contribuição de Paulo Roberto Gomes Fernandes e da Liderroll
A Enbridge já recebeu contribuições técnicas de Paulo Roberto Gomes Fernandes, presidente da Liderroll e especialista em lançamento de oleodutos e gasodutos em túneis. O engenheiro brasileiro, criador da metodologia utilizada em projetos marcantes no Brasil, elaborou subsídios conceituais enviados à empresa responsável pelo detalhamento final da engenharia do túnel. A ideia é compartilhar lições aprendidas em obras que enfrentaram desafios semelhantes de espaço, inclinação e segurança operacional.
Para Paulo Roberto Gomes Fernandes, soluções aplicadas em túneis longos e de difícil acesso precisam garantir duas premissas básicas: integridade da linha ao longo de toda a vida útil e minimização de riscos para pessoas e meio ambiente. A experiência acumulada em projetos como os túneis do Gasduc III e do Gastau, em território brasileiro, reforça a capacidade da tecnologia de combinar precisão no lançamento, controle de esforços sobre os dutos e redução de intervenções críticas em áreas sensíveis.
Do ponto de vista da engenharia, a vantagem de sistemas com roletes motrizes e suportes projetados especificamente para ambientes confinados é permitir que a tubulação seja instalada com maior previsibilidade, minimizando deformações, pontos de atrito excessivo e necessidade de operações improvisadas. Paulo Roberto Gomes Fernandes evidencia que esses elementos são decisivos quando se trata de cruzar um trecho relativamente longo sob um lago, em região de clima rigoroso, onde inspeções e eventuais reparos tendem a ser complexos e custosos.
Crise europeia, segurança energética e lições para Michigan
O artigo do US News & World Report também faz um paralelo com a crise de abastecimento vivida na Europa em 2022, diante da possibilidade de corte do fornecimento de gás russo pelo gasoduto Nord Stream em resposta às sanções ligadas à guerra na Ucrânia. A Comissão Europeia, diante desse risco, passou a discutir planos de racionamento e aceleração de estoques para o inverno, evidenciando o peso geopolítico das redes de dutos na segurança energética de países inteiros.
Esses exemplos ajudam a reforçar a importância de tratar gasodutos e oleodutos como infraestrutura estratégica, que não pode ser paralisada sem avaliar cuidadosamente os impactos sobre consumidores e indústrias.
Ao mesmo tempo, o projeto do túnel sob o Lago Michigan é apresentado como uma forma de conciliar segurança ambiental reforçada com manutenção do fluxo de energia, desde que se adotem soluções tecnológicas robustas e já validadas. Nesse cenário, a participação técnica de Paulo Roberto Gomes Fernandes e o histórico de inovação da Liderroll ajudam a mostrar como a engenharia brasileira pode contribuir para decisões de alto impacto fora do país, oferecendo conhecimento prático em uma área em que erros simplesmente não são admissíveis.
Autor: Oleg Volkov
